A ascenção das Facility Services enquanto estratégia para as empresas

A ascenção das Facility Services enquanto estratégia para as empresas

Quem é o Vitor Rodrigues?

O Vitor Rodrigues é o Diretor Geral da Derichebourg Facility Services Portugal e Espanha. O Grupo dedica-se maioritariamente à área das limpezas, mas também à manutenção, jardinagem e trabalho temporário. Em Portugal, tem cerca de 5200 trabalhadores e, em Espanha, quase 6000.

Pode partilhar um bocadinho da sua história para ter a responsabilidade de administrar dois mercados?

O meu percurso é simples. Comecei na tropa, nos paraquedistas. Depois fui para a Bósnia e, após regressar e resolver alguns problemas, fui 2 anos e meio para os bombeiros. Iniciei naturalmente na área das limpezas, há mais de 25 anos. Em 1998, comecei como supervisor e rapidamente passei para coordenador, diretor de ligação e, em 2003, quando se falava muito em “grandes contas”, passei a diretor dessa área. Em 6 anos, atingimos os 90 milhões. No ano de 2014 ingressei no grupo Derichebourg, onde estou atualmente. A tradução do cargo era “Encarregado dos Negócios do Presidente” e quando as pessoas me perguntavam o que eu fazia dizia que era médico: se havia um problema, eu estava lá para tentar dar solução e resolver. Foi no âmbito dessa resolução de problemas que cheguei à Safira em 2015, para ajudar nas negociações do processo de compra. Quando o negócio foi fechado, não havia ninguém que liderasse a Safira e o presidente pediu-me para o fazer enquanto não se arranjava solução. E pronto, ao fim destes anos, ainda aqui estamos.

O Vítor é português, mas nasceu em França. Tem as duas nacionalidades?

Tenho dupla nacionalidade: portuguesa e francesa. Nasci perto de Paris, mas os meus pais são portugueses: o meu pai é de Ponte da Barca e a minha mãe de Lisboa. Portugal é um país que não era desconhecido, mas era um emigrante que vinha cá só para passar as férias de verão e pouco mais.

A tropa e os bombeiros ajudaram de alguma forma a ser o empresário de sucesso que se tornou?

Eu acho que sim, principalmente na relação e cuidado com as pessoas. Ajudou a não esquecer de onde vimos, que sozinhos não vamos a lado nenhum e que precisamos das pessoas. Cuidar dos outros da mesma forma que os outros cuidam de mim. Ajudou-me imenso nessa gestão humana.

A nossa oferta é complementada com um sem número de atividades que torna estas escolas muito mais do que escolas, seja do ponto de vista nacional como também uma forte componente internacional, de estágios a Erasmus, da Europa a África. Os projetos Erasmus têm sido significativos, tendo nós potenciado estágios internacionais a 10% dos nossos alunos. A nossa participação em projetos diferenciados tem-nos conduzido a boas performances e a grandes motivos de orgulho, do ponto de vista coletivo enquanto Escola, mas também nas participações que acompanhamos de alunos individualmente.

Pode-nos contar um bocadinho acerca da história da empresa Derichebourg, quer na origem em França, quer aqui em Portugal? 

O grupo Derichebourg tem mais de 60 anos e foi iniciado pelo avô do atual presidente, que iniciou a empresa com uma bicicleta com reboque, a juntar sucata para vender. Desta forma, a raiz do grupo foi a sucata: a recolha, tratamento e venda de metais. Em Portugal, a Safira foi criada em 2000, no âmbito de uma parceria com a Sonae, que na altura tinha 51% das participações e os restantes 49% pertenciam ao nosso grupo francês. Até 2015, a Safira cresceu com a Sonae como um parceiro gigante, tendo clientes como hipermercados, centros comerciais, lojas, logística, hotéis. A Derichebourg para a Safira, nessa altura, era apenas um parceiro estratégico e económico. A presença a 100% da Derichebourg em Portugal chegou porque, em 2015, os acionistas já tinham 70 e tal anos e tinham vontade de sair. Assim, a Derichebourg comprou as restantes participações da Safira.

Na perspetiva do Vitor, qual a evolução do mercado? Quais são as grandes tendências para as Facility Services nos próximos tempos?

A tendência vai ser uma empresa conseguir oferecer um serviço completo, com soluções imediatas para os problemas do nosso cliente.

Da nossa parte, temos de ter cada vez mais capacidade de resposta: mais abrangente, mais eficaz e mais produtivo. Devemos ser um parceiro de soluções, mesmo que o problema seja fora da nossa área de atuação. No setor da limpeza, ao estarmos em contacto com vários ramos, absorvemos informações especificas de cada, ajudando-nos nesse processo de resolução de problemas.

É um setor que está a crescer, as empresas estão cada vez mais pequenas e, por isso, estão a subcontratar mais serviços. Como vê esse crescimento em Portugal?

Não vou dizer que o setor está a crescer. As mentalidades, a quantidade de empresas e até o país está a mudar. Diz-se que a área está a crescer, mas temos de a repensar, pois os espaços são cada vez menos ocupados e há mais teletrabalho. A COVID-19 alterou o setor e temos de ser criativos para responder aos desafios.

Neste setor das Facility Services, que tipo de oferta formativa existe?

Há instituições que dão formação, mas não conheço muitas. Nós somos uma empresa de mão de obra. Os estudos são bons, mas valorizamos mais a motivação, a capacidade e o bom senso, do que o currículo e a experiência. Estamos numa área onde trabalhamos de segunda até domingo e temos equipas no terreno todos os dias. Uma pessoa que entra para a nossa área, só pode entrar e manter-se se gostar.

Estamos numa área onde trabalhamos de segunda até domingo e temos equipas no terreno todos os dias. Uma pessoa que entra para a nossa área, só pode entrar e manter-se se gostar.

No fundo, é tornar as pessoas cada vez mais visíveis. Atualmente, quem subcontrata gosta de, maioritariamente, dar mais valor às pessoas. Da mesma forma que quando vemos um polícia no aeroporto ficamos mais seguros, quando estamos num local e vemos um profissional da limpeza, é uma garantia de segurança.

Há essa mudança de paradigma: encontrar forma de as limpezas não serem um emprego de manhã bem cedo. É importante que os profissionais tenham horário completo e sejam integrados nas dinâmicas diárias de cada cliente, porque ajuda a fidelizar as pessoas e é bom para as partes envolvidas.

Que conselho ou recomendação daria a um grupo como o nosso?

Vocês são um grupo familiar e, por isso, têm uma cadeia de decisão rápida. O facto de terem uma cadeia completa, têm a capacidade de criar o produto do zero: desde a ideia, até ao packaging, a formulação, etc. Nós queremos ser uma solução para os nossos clientes e a Mistolin, enquanto fornecedor, tem de ser também uma solução para nós, para conseguirmos solucionar o problema no cliente.

Como gostaria de terminar esta entrevista? Uma última frase.

Eu diria uma única palavra: juntos.

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