De que forma a pandemia mudou a realidade da Misericórdia de Resende

De que forma a pandemia mudou a realidade da Misericórdia de Resende

A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, também conhecida, por Santa Casa da Misericórdia de Resende, Associação de fiéis, fundada em 1930, sita na vila de Resende, sede de concelho, é uma Instituição com o nome específico de Misericórdia.

Registada na Direção-Geral de Ação Social, inscrita no Centro Regional de Segurança Social, sub-região de Viseu, nos termos do número 1, do Artigo 49º, conjugado com o número 2, do Artigo 97º, do Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social, aprovado pelo Decreto - Lei n.º 119/83, de 25 de Fevereiro e, da alínea I), do número 6, do Despacho do Secretário de Estado da Segurança Social, número 6/83, de 20 de Maio, publicado no Diário da República, II Série, de 20 de Maio de 1983. O Novo "Compromisso", foi elaborado ao abrigo do Decreto-Lei nº 119/83, de 25 de fevereiro, alterado e republicado, em anexo, ao Decreto-Lei nº 172-A/2014, de 14 de novembro, que alterou o Estatuto Legal das IPSS, com aprovação da Cúria Diocesana a 09 de julho de 2015. É membro associado da União das Misericórdias Portuguesas, sob o número 301, desde janeiro de 1978 O complexo urbano da Santa Casa da Misericórdia está localizado numa zona nobre da vila de Resende e bem delimitado. Para quem visita Resende, os edifícios onde funcionam as diversas valências da Santa Casa são notórios e as suas entradas estão bem sinalizadas com pórticos luminosos, grandes baluartes e, como sinal de progresso e desenvolvimento, indicadores duma Instituição de referência local, ao serviço de todos.

Quais as respostas sociais e valências disponíveis na Santa casa da misericórdia de Resende (SCMR)?

No apoio à infância a SCMR dispõe de resposta social ao nível de creche e ensino Pré-Escolar, com um número médio de 60 crianças e que dispõe de apoios pedagógicos, didáticos e sociais.

O apoio à terceira e quarta idade é também algo muito importante na instituição e desta forma temos disponível uma resposta social de apoio domiciliário com 20 utentes, que incluí apoio social e pensão completa, inclusive aos fins de semana e resposta social de ERPI, Lar de idosos (46 utentes), Lar Dr. José Dias Gabriel (40 utentes) e Lar de grandes dependentes/ acamados (17 utentes). Todas estas unidades são em regime de internado, com pensão completa e com apoios sociais, médico e enfermagem. No que toca ao apoio à saúde, dispomos de 5 Unidades, sendo elas: Unidade de Cuidados continuados de longa duração e manutenção; Unidade de cuidados continuados de média duração e reabilitação; Serviço de análises clinicas; Serviço de Fisioterapia e Serviço radiológico. Existe ainda um lar residencial para cidadãos portadores de deficiência, com equipamento social para 19 camas, direcionado para utentes com deficiências ligeiras a moderadas. Por último, dispomos ainda de um protocolo do rendimento social de inserção, de uma equipa multidisciplinar de intervenção precoce na infância e um, gabinete de inserção profissional.

De que forma a Pandemia veio mudar a vossa realidade?

Esta entidade foi a primeira Instituição do distrito com um surto ativo de COVID – 19. Em março de 2020, uma utente da Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção regressou após internamento no hospital Padre Américo em Penafiel, com sintomas compatíveis com a doença. Depois de realizado um teste PCR, veio o resultado positivo. Rapidamente se diligenciou pela realização de testagem em massa a utentes e colaboradores, com a colaboração institucional do Município de Resende e do laboratório de análises clínicas Germano de Sousa, confirmando-se no total 18 funcionários e 37 utentes infetados num universo de cerca de 400 pessoas. Assim, de imediato acionamos os planos de contingência para as diversas Respostas Sociais, que previam equipas de trabalho em espelho, e a utilização dos necessários equipamentos de proteção individual bem como algumas medidas de prevenção do risco de contágio.

Este período de tempo culminou com a escassez de recursos humanos e materiais, onde é de louvar o sentido de solidariedade da sociedade civil, das forças vivas concelhias e de tantos mecenas que generosamente se prontificaram a ajudar com recursos materiais e económicos. Em estreita articulação com a autoridade de saúde local, foram definidas estratégias para mitigar os efeitos da doença, tendo a Instituição conseguido controlar o surto. Numa altura em que ainda pouca ou nenhuma informação existia acerca da doença, que pouco se sabia sobre as consequências deste vírus, da sua forma de agir, como combatê-lo, foram realmente tempos muito difíceis e que deixaram marcas na Instituição. Reconhecemos o papel decisivo e inestimável prestado pelos nossos colaboradores que foram realmente a chave do sucesso no combate à pandemia.

Quais as principais dificuldades que sentiram para garantir os espaços seguros para os vossos utentes / pacientes?

As principais dificuldades prenderam-se com a escassez de materiais bem como alguma dificuldade dos recursos humanos na adaptação às novas práticas institucionais. A reorganização dos espaços físicos, redimensionando o número de utentes por salas de convívio e por salas de refeição, a necessidade de manter alguns utentes nos respetivos quartos, a necessidade de segregar os colaboradores em pequenos grupos, assim como a efetivação das visitas ocorrerem apenas por marcação e sem contacto físico, foi gerador de resistência para a sua execução.

Os nossos planos de higienização tiveram que ser todos revistos, aumentamos a frequência na desinfeção dos espaços inserimos novos produtos e novas práticas.

Colocamos pontos de desinfeção de mãos em várias zonas da Instituição, utilização de tapetes de desinfeção, o reforço da higienização de manípulos, botões de elevador, interruptores, botões de chamada, já estavam previstos nos planos, mas foi dada uma maior importância.

Foi definida a periodicidade de arejamento dos espaços, desinfeção do ambiente após a saída dos utentes dos espaços (salas, quartos, refeitórios); O manuseamento da roupa suja/ contaminada, foi algo também objeto de formação e maior cuidado junto dos nossos colaboradores. Os operadores da lavandaria foram sensibilizados para o uso dos EPI’s, para o cumprimento dos circuitos de modo a evitar contaminação cruzada e para a correta higienização da roupa contaminada.

Em termos de equipa, sofreu alterações durante a pandemia?

Sim, nesta área tivemos uma grande disponibilidade dos nossos colaboradores. Conseguimos uma equipa, no primeiro surto que trabalhou com os casos positivos 15 dias seguidos, alguns deles optando por dormir nas nossas instalações com receio de colocar os seus familiares em risco. Foi muito extenuante, além de ter sido um grande desafio para todos nós.

Como referimos anteriormente, o nosso plano de contingência previa a criação de equipas em espelho. Em todas as valências e serviços em funcionamento colocamos 2 equipas trabalhando cada uma delas 14 dias alternadamente.

Como nessa altura algumas valências e serviços encerraram por imposição e orientação da Direção Geral da Saúde (serviço educativo a clínica fisioterapia) houve uma disponibilidade imediata dos nossos colaboradores em integrarem essas equipas em espelho, caso contrário não teríamos recursos humanos suficientes.

Entretanto o governo lançou a Media de Apoio ao Reforço de Equipamentos Sociais e da Saúde (MAREES) que nos permitiu proceder à contratação de mais recursos humanos, equilibrando as equipas.

O que veio para ficar?

Em termos de higienização os nossos planos já existiam e eram cumpridos, a grande diferença foi a frequência da limpeza que aumentou; outro ponto que acabou por ser uma grande melhoria foi a desinfecção das mãos em vários pontos do lar, até os utentes se habituaram a desinfectar frequentemente as mãos… Introduzimos novos produtos de desinfeção, nomeadamente no âmbito de desinfeção de superfícies e equipamentos.

Acabamos por alterar os nossos sistemas de doseamento, optando na Unidade Cuidados Continuados e nas ERPI`s por utilizar os sistemas de doseamento automático de concentrados.

A dosagem está pré-definida, não há a tendência para o colaborador colocar mais produto, não há desperdício, não há manuseamento e em termos de embalagem os resíduos são menores. Do ponto de vista organizacional houve uma melhoria significativa, foram criados vários procedimentos dentro do plano de contingência que permitem uma atuação mais eficaz e planeada.

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